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Por: Agência Brasil
A Páscoa deste ano deve ter ovos de chocolate com menos cacau e com preços mais caros. O cenário é previsto por representantes do setor diante da alta do preço do cacau, que chegou a subir 189% na bolsa internacional, no último ano, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). A alta foi reflexo da terceira crise consecutiva na produção mundial, causada por impactos climáticos. Com isso, a expectativa é que os ovos de Páscoa fiquem até 12% mais caros no país.
Além disso, neste ano serão comercializados menos ovos de chocolate. Para 2025, serão produzidas mais de 45 milhões de unidades, uma queda de 22,4% quando comparado a 2024, quando foram produzidos 58 milhões. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab).
O economista e professor do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE), Paulo Alencar, destaca que, nos últimos 12 meses, de acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço do chocolate em barra e bombons subiu 16,5%. “Com isso, para a Páscoa deste ano, a expectativa é que o preço do ovo de chocolate esteja, em média, 12% mais caro no Brasil”, aponta. Ainda de acordo com ele, a tendência do mercado é que os ovos sejam comercializados em tamanhos menores para que o preço seja mantido.
De acordo com a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), em 2024, o setor de cacau no Brasil enfrentou um cenário desafiador, impactado pela redução no recebimento de amêndoas e na moagem pela indústria processadora. No ano, o mercado brasileiro demandou 179.431 toneladas de amêndoas de cacau, uma queda de 18,5% em relação às 220.303 toneladas de 2023, segundo os dados compilados pelo SindiDados – Campos Consultores e divulgados pela Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC).
BOLSA
A presidente-executiva da AIPC, Anna Paula Losi, ressalta que o cacau é uma commodity precificada em bolsa. Com isso, os parâmetros de precificação no Brasil são “balizados” pelo preço na bolsa de Nova York, que subiu em média 180% no último ano. Em dezembro de 2024, o produto chegou a ser comercializado a US$ 11.040 na cotação da bolsa de valores de Nova York, representando uma alta de 163% em relação ao mesmo período de 2023 (US$ 4.238).
CLIMA
Anna Paula Losi detalha ainda que o terceiro déficit consecutivo na produção do cacau mundial foi causado por impactos climáticos enfrentados pelos maiores produtores do fruto no mundo, concentrada na África, como a Costa do Marfim e Gana, responsáveis por mais de 60% da produção mundial.
“A gente teve um ano de 2024 com chuvas muito extensas e secas muito severas e isso impactou a produção de cacau naquela região. O resultado foi um terceiro ciclo de déficit, registrado pela Organização Internacional do Cacau. Então, o preço do cacau ao longo de 2024 teve aumentos, em razão dessa falta de cacau no mundo. Isso impacta no Brasil porque, apesar de ser produtor de cacau, o país não produz o suficiente para atender a demanda interna por cacau”, aponta Anna.
Ainda segundo presidente-executiva da AIPC, tanto a indústria moageira, quanto a indústria do chocolate estão trabalhando para que o impacto desse aumento na commodity não seja todo repassado para o produto final, com investimentos em melhorias de processo e na logística do produto.